"Eu quero respirar, eu quero respirar ", disse a mim mesmo. Estou em meio de tantas coisas, tantas turbulências, e tanta gente falando e falando ... Me vejo em um lugar onde a voz não sai, por mais que eu tente gritar não sai nada, mudo, estou mudo, no meio de tantas rizadas, palavras, gritos, propagandas, estou mudo. Tento correr, alcançar algo em que segurar, algo que possa me firmar, mas não encontro forças para me mover, é como se eu estivesse em camera lenta e na função mute, e o resto do mundo estivesse acelerado e no volume mais alto existente. Chega uma hora que eu canso de lutar, canso de tentar gritar, porque não posso ser ouvido, canso de tentar correr porque minhas pernas não se movem. Desisto de acreditar porque já não confio mais nas pessoas como confiava antes. "É um jogo, meu caro, a vida é um jogo", pensei que essas palavras, um dia ditas por meu pai, nunca encontrariam em mim, uma forma de se concretizar, mas vendo agora o quanto fui usado em jogos de pessoas que fingiam se importar, que fingiam amar, eu sei que ele sabia que um dia eu estaria aqui, afundado no holocausto do meu próprio mundo, sendo destruído aos poucos, não por mim, mas pelas pessoas que um dia foram o alicerce da minha vida, que simplesmente desapareceram depois de terem o que queriam, e sem alicerce, a construção desmorona. "Eu não consigo mais respirar..." Foi meu último pensamento antes de me afundar nesse mar de torpor em que eu me encontro hoje.
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